Com
o passar do tempo, as casas vão ficando vazias.
Algumas já são mesmo ocas por natureza, têm só móveis, aparelhos, objetos e
pessoas que não se dão conta dos próprios vácuos.
Com o passar dos
anos, as casas vão se tornando espaços ainda mais vazios e silenciosos,
preenchidos apenas de guarda-roupas, despensas, geladeiras, mesas, cadeiras,
sofás e objetos de decoração. Ah, sim, utensílios de cozinha, materiais de
limpeza, materiais de construção e materiais de diversos outros usos e
desusos.
Com o passar dos tempos, as crianças perdem a inocência, perdem a
ingenuidade, perdem a simplicidade, perdem a pureza, perdem, perdem, perdem e
se perdem nas coisas que adquirem. Primeiro, tornam-se adolescentes, depois
jovens, depois perdem também a juventude e se perdem em si mesmas.
Com o passar dos dias, semanas, meses, anos, as casas se tornam
residências de pessoas vazias de suas próprias vidas, esquecidas de suas
próprias histórias e de seus próprios nadas.
Foi-se o tempo em que eu falava de flores pra não dizerem que eu não
tinha falado de flores.
Agora eu vou falar quando for preciso ou quando eu quiser.
Texto reflexivo. Parabéns. Amo os seus textos.
ResponderExcluirValeu, Domício. Grande abraço.
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