sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O último Decottignies


Vi ontem no Facebook, numa foto postada por meu primo-sobrinho Rodrigo Decottignies, que meu tio Rui partiu para sua morada eterna, exatamente no dia das crianças.
Rui foi um tio que eu só vi uma vez, mas era como se o tivesse visto desde sempre. Era a cara Ronaldo, meu pai, que nos deixou em março de 2004.

Lembro como se fosse hoje o encontro dele com meu pai. Rua Sete de Setembro, Vitória, 1974:
- Comé que cê tá? Seu sacana!
- Eu tô bem! Seu sacana!
Era o único que eu ainda não conhecia. Aí perguntei, já meio que prevendo qual seria a resposta.
- Quem é esse?
- Esse é Rui! – Respondeu Ronaldo.
E cumprimentei. Não lembro se pedi a bênção... Acho que não, mas acho também que ele, mesmo assim, me abençoou.
Foi um encontro que durou poucos minutos, mas que ficou marcado pela expressividade do abraço e a felicidade demonstrada pelos dois que não se viam havia não sei quantos anos.

Tá bem, sei que é redundância falar isso, mas vou falar. Eram todos parecidos (Novidade! Eram irmãos...!), e os traços mais marcantes eram aquele olhar profundo... Digo profundo porque não sei explicar que olhar era aquele. Não eram olhos enormes, mas pareciam enormes tal era a força que tinham quando bem abertos, arregalados. E dois sulcos que descem das laterais do enorme nariz até os cantos da enorme boca, tornando muito visível essa parte do rosto cujo nome eu não sei, mas que compreende o espaço, nos homens, quase sempre ocupados pelos bigodes, que as mulheres não têm... ou não deveriam ter...
E por que falei duas vezes que o nariz é enorme (terceira com esta)? Porque, talvez, é o que mais nos identifica como Decottignies. Pode reparar. Na maioria das vezes, os Decottignies são ladrões de oxigênio. Mas se isso não bastar, talvez porque vamos continuar a caminhada deles Brasil afora, mundo afora, nos nossos filhos, netos, bisnetos e por aí vai, e nossos narizes vão sempre chegar na frente pra plantar nossas novas sementes.

Não conheci Henrique, meu avô, que morreu quando Ronaldo ainda era um pentelho de 12 anos. Mas conheci minha avó Constança e os meus tios Rubens, Roberto, Renato, Rosina (Zininha), Rute (Filhinha), Rosita (Lola) e Rosília (Caçula). E Rui, só em 1974, o último Decottignies da primeira geração, que agora foi se juntar a eles...
Descanse em paz, Tio Rui. Deus o tenha e nos console.

Nenhum comentário:

Postar um comentário